domingo, 17 de junho de 2012

Por entre quimeras e esperas.

[...]

- Conheces tu um campo de guerra?
- Sabes que não, mas conheço meus desejos, e eles por vezes me devoram.
- Que tem a ver teus desejos com as vidas que são tiradas sem misericórdia de ao menos morrerem com os seus.
- Guerras são frutos de desejos sôfregos. Vejo nos olhos dos que têm poder em mãos e amores sob a sola de seus sapatos o que por vezes habita meu peito.
- Não és como eles.
- Mas poderia ser. Controlo minhas vontades pela capacidade que me foi dada de perceber que meus atos mesmo sendo meus, atingem qualquer um que ao meu redor estiver, e apenas isso me diferencia.
- Proteges aqueles que amas e lutas por aqueles que nem ao menos conhecesses. Não permito que defendas o que te abomina.
- Eles não precisam de defesa, ainda menos da minha. Mas quero que percebas que nós, em nossa sede por justiça, somos tão frágeis quantos eles em sua sede por poder.
- Sabes que justiça é poder e que ela é muito mais plena de certeza  e beleza do que os conceitos daqueles que cospem hipocrisia.
- Então somos ainda mais semelhantes. Estamos todos sedentos por poder. Te peço apenas que não me deixes esquecer o propósito do poder que almejo. Não me deixes seguir em guerra quando justiça for realidade e não desejo, um anseio. Não me deixes falar de meus ideais sem amor, se o fizer em algum de meus dias, terei a amargura dos jovens.

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