quinta-feira, 6 de setembro de 2012

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Olhos risonhos.
Observam
Pequeno pedaço de céu.
Desafiou o chão, e em cima dele dançava.
Flutuava.
Alegre como uma película de 1920.
Como Corina , me encantas.
Como artista me deténs
Diante de teu tamanho,
Meu tabernáculo torna-se quase alado.
Olhos tristonhos despedem-se.
Carregam o peso de lagunas de doce pesar.
Vou m’embora,
De ti carrego o frescor, o amor que de ti viverei em meu âmago. 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Moça


Ponderai em vosso peito – que agora carrega o sereno cinza celeste – o dia que jaz calmo sob vossos pés.
Carregais flores plantadas por damas vestidas de negro, cansadas da viuvez, fartas de poesias de amor, quando tudo que tem são saudades.
Dançaram livres em outras épocas os vossos votos. Rodopiavam arraigados a vossos pés, em vossos braços a salvo.  Eram tempos de chuva, de nutrir os jovens e renovar os velhos. Eram tempos de abraços, e beijos e calores maiores do que o de um só ser. Eram tempos de grandes alegrias e pesares. Eram todas as coisas por inteiro, todas as faces coradas de tanta luz e tanto sentimento.
Era época de ciganos, de circos e fantasias. De magia, efêmera, mas doce. Repentina, mas inspiradora.
Hoje, porém, poucos de vós ainda respiram sem que seja em sintonia, sem que leve aos pulmões o ar de vosso vizinho  Hoje poucos restaram. Sobreviveram ao desamor, a alegria que não é continua, ao rosto que envelhece, ao cântico que perde a voz.
Hoje, quem canta canções de redenção são os jovens, enquanto aos poucos, os velhos são plantados como raras sementes.