Por mais que esfregasse, nada tirava de seu rosto o já
desbotado sorriso. Ia de orelha a orelha apesar de seus lábios não possuírem
mais elasticidade nenhuma. O puseram em seu rosto há no mínimo décadas, e ele
nunca ousara tirá-lo. Tornara-se escravo da alegria. Ou da alegoria talvez.
Levantara sua tenda em diversos lugares, a procura de algo que tornasse útil a fantasia que carregava com tamanho pesar. Como podia ele, que
nem a si mesmo alegrava, fazer sorrir qualquer alma?
Andava tão cansado de suas vidas, de suas histórias e
canções, que por vezes trancava tudo dentro de seu coração e o esquecia em uma
ou outra ruazinha. Normalmente voltava para buscar, afinal, eram sua única
bagagem. Mas com o passar do tempo, seus sentidos começaram a lhe pregar peças,
e acabava por esquecer-se onde pusera sua vida.
A única coisa que ainda iluminava seu semblante era
o riso dos “pequenos”, fossem eles jovens ou velhos. Banqueteava-se na gargalhada daqueles que não
tinham motivos para sorrir além do próprio coração batendo.
Amava profundamente a Deus, e apesar de nunca ter tido muito
na vida, sempre Lhe fora grato. E, a cada dia que se findava com o adeus do
sol, ajoelhava-se em plena humildade e amor, e acariciava o céu como um filho que volta para casa.
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